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Visibilidade do supply chain: todos querem, mas poucos têm

Alessandra 7101 Infor222O Brasil é um país de dimensões geográficas continentais e com um sistema de transporte caótico.

Uma amostra da precariedade do sistema logístico brasileiro é a dependência do modal rodoviário, que após a greve dos caminhoneiros, deflagrada em maio deste ano, ficou mais evidente ainda. Segundo cálculos do Ministério da Fazenda, os prejuízos provocados pela paralização devem chegar a R$ 15 bilhões para a economia nacional, 0,2% do Produto Interno Bruto.

A dependência do caminhão e a insuficiência de investimento em mobilidade têm provocado um gargalo no setor logístico e com a retomada da economia, mesmo que a passos lentos, a tendência é que o cenário piore. Segundo dados do Instituto de Logística e supply chain (ILOS), o volume de produtos em circulação no país foi de 1,68 trilhões de toneladas por quilômetro em 2017.

Mas com o aumento da movimentação, cresce também o custo logístico. No ano passado, de acordo com o instituto, os gastos das empresas brasileiras com transporte, estoque e armazenagem chegaram a 790 bilhões de reais, 40 bilhões a mais que 2016.

O custo logístico, no entanto, está longe de ser o único problema para as empresas brasileiras. A ampla extensão do território nacional traz inúmeros desafios para o setor de supply chain. Garantir uma operação logística mais eficiente é possível, desde que tenha organização, controle mais eficiente da atividade e visibilidade total do processo. Ampliar a perspectiva do supply chain pode gerar milhões em receita, mas o custo de não fazer nada também é grande demais para ser ignorado. A mensagem impactante aqui é: não existe ganho em competitividade operando no escuro.

Os investimentos em tecnologia na cadeia de suprimentos, nas últimas duas décadas, fizeram a diferença para algumas empresas, que passaram a ter mais conhecimento da rede. Mas ao perguntar para um executivo de uma grande corporação, se ele consegue ter uma visão geral do supply chain, as chances dele responder ‘Não’ são enormes. Essa percepção é derivada, principalmente, se a atuação desse gestor abranger apenas operações que envolvam segmentos externos ou com parceiros. Sem ter visibilidade end to end, fica difícil ser ágil e eficiente.

IoT é a bala de prata
De acordo com o Gartner, até 2020 haverá mais de 50 bilhões de dispositivos conectados no mundo e muitos deles vão impulsionar o setor logístico. O conceito de internet das coisas (IoT) pode agregar melhorias na gestão de estoque, na armazenagem de produtos, transporte e até no atendimento a demanda do customer experience. Ao adotar IoT para o supply chain, os benefícios vão desde redução de custos operacionais, menor consumo de recursos e melhor uso de ativos.

Mas não é só isso. Com a exata localização de um caminhão é possível ter acesso ao inventário e informações atualizadas constantemente sobre o andamento do processo em tempo real. O GPS, conectado à internet das coisas, pode trazer mais detalhes de ordem de pedidos, custos adicionais, histórico, planos e expectativas. As informações armazenadas na nuvem representam uma única fonte de informação, no qual todos tem acesso à mesma informação, simultaneamente.

Valor agregado pode impulsionar os negócios
O valor atribuído à visibilidade total do supply chain é um fator importante para impulsionar negócios nos próximos anos. A capacidade de responder ao inesperado rapidamente é o que torna tudo isso fundamental. Seja por conta de grandes catástrofes naturais, como terremotos ou tsunamis, ou pela greve de caminhoneiros que interrompeu as principais fontes de abastecimento do país. Essas rupturas dolorosas geram prejuízos de milhões de reais, mas que podem ser evitadas com visão e análises mais precisas do processo.

Hoje, estamos presenciando um avanço tecnológico do supply chain jamais visto. A expectativa é que, com o crescimento do mercado de TI, as empresas consigam reduzir, ou até zerar, seus custos operacionais. Há uma grande expectativa que essa evolução traga bons ventos para o setor logístico brasileiro.

Por Alessandra Martins, Manager Director da Infor Brasil

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