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Abril 2018 Nº330

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                                                                                                        Depois de desenvolver mais de 700 projetos em logística, é realmente assustador constatar que apenas um reduzido número de empresas consegue implementar, de forma econômica e consciente, investimentos em automação logística.

Centros de distribuição, armazéns, fábricas, portos, ferrovias, aeroportos e lojas são exemplos de onde a automação logística está sendo aplicada, seja no que diz respeito ao fluxo de informações (tecnologia da informação – softwares e hardwares), seja em relação ao fluxo de materiais (infra-estrutura física – robôs, transportadores, transelevadores, etc.).


Ao longo dos últimos 25 anos, no relacionamento com pequenas, médias e grandes empresas, pudemos observar a carência do mercado em relação a profissionais gestores de projetos, e destes, apenas uma minoria apresentava capacitação para demonstrar adequadamente às empresas (dirigentes e acionistas) as reais vantagens e desvantagens econômicas e financeiras, qualitativas e quantitativas, entre outras, que fazem um projeto de automação logística comprovar resultados no curto, médio e longo prazos.


A insensatez observada nesses investimentos não se dá somente no Brasil mas, principalmente, em empresas de países em desenvolvimento, que visualizam a automação como uma estratégia para serem globalmente competitivas. Não significa que isso também não ocorra em países desenvolvidos. Entretanto, neste caso, eles normalmente são os responsáveis por deixarem muitos profissionais obcecados pela tecnologia, o que às vezes resulta em levar suas empresas a um desnecessário cenário de dificuldades financeiras, pois as que investem em automação na logística geralmente se encontram em boa situação financeira.

 

Acionistas

 

Além disso, existe uma outra grande preocupação em relação a esses investimentos, pois nos últimos anos deparamos com gestores de projetos altamente capacitados, muitos deles inclusive certificados em gerenciamento de projetos, mas com objetivos divergentes dos objetivos do acionista. Destacamos isso, pois também estando na posição de acionista, sabemos o que pode significar um mau investimento.


Uma análise de viabilidade econômica do projeto deve subsidiar a decisão do acionista. O gerente do projeto não deve tomar a decisão para o acionista, pois os riscos do investimento recaem sobre este último e por isso ele precisa entender e ponderar todos os impactos positivos e negativos de sua decisão.


O fato dos investimentos em soluções de automação envolverem grandes importâncias de capital é um dos aspectos geradores de interesse dos profissionais envolvidos com os projetos e que não tem nenhuma relação com os interesses do acionista, tais como:

 

1. Comissões sobre a venda: elas podem influenciar os envolvidos na venda, fazendo com que eles apenas avaliem a solução mais completa, em vez de considerar soluções mais simples e econômicas que, em geral, são as mais viáveis;

2. A remuneração de profissionais que participam de projetos de alto investimento é, em geral, maior do que a de profissionais que participam de projetos de baixo investimento, o que faz com que praticamente todos os envolvidos classifiquem a primeira alternativa como a melhor;

3. Os profissionais que aprovam e participam de projetos de automação de grandes investimentos, mesmo sem retorno, são valorizados no mercado por diretores e gerentes que também pensam em automatizar suas operações logísticas;

4. Algumas consultorias que recomendam os investimentos em automação também desejam ganhar “status” no mercado de projetos, justificando sempre após o projeto implementado que os ganhos são qualitativos e não necessariamente econômicos. É importante destacar que essa situação ainda é muito comum no mercado brasileiro, mas que existem também empresas e profissionais realmente imparciais e que fazem uma adequada demonstração de retorno sobre o investimento, maximizando o resultado para os envolvidos.

 

Se nos colocarmos na posição do acionista, é claro que não devemos apenas avaliar fatores econômicos e financeiros, mas também todos os parâmetros que podem, de algum forma, influenciar nos objetivos de curto, médio e longo prazos da organização.


Mesmo que o investimento não apresente retorno econômico com base nos parâmetros quantitativos, ele ainda pode ser viabilizado pelo acionista como estratégia para atingir os objetivos da organização.

 

Aprovação

 

Um dos parâmetros quantitativos mais significativos e que mais dificultam a aprovação de investimentos em automação na logística é o custo de oportunidade do capital investido que, em muitos estudos de viabilidade econômica, é simplesmente desconsiderado. Este único parâmetro é suficiente para inviabilizar totalmente o investimento quando este é comparado com soluções que demandam menor investimento.

 

Já quanto aos parâmetros qualitativos, pode-se citar como exemplo a melhoria do serviço ao cliente, que contribui direta ou indiretamente para o aumento das vendas, ajudando assim a estimular o investimento. Mas é fundamental que o acionista saiba o quanto ele está pagando por esta vantagem.


Em síntese, é evidente que a automação nos oferece várias oportunidades para melhoria de nossos processos logísticos, porém é mais importante ainda destacar que sem uma adequada análise de viabilidade, essa automação pode custar mais caro que seus benefícios.


Assim, reflita sobre esses aspectos e assegure que sua solução possa ser eficaz e não somente eficiente.   

 

* Eduardo Banzato é presidente do Instituto IMAM. É autor de diversos livros e instrutor de cursos relacionados à área de logística.

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