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Logística estrangulada

logisticaA conta pelo abandono de outros modais, para favorecer o transporte rodoviário, chegou e, com juros, para o setor produtivo de Mato Grosso do Sul.

Independentemente de quem vencer as eleições, governador e presidente terão como um dos principais desafios melhorar a logística do País. Gigante, o Brasil perde em competitividade de outros países, não por qualidade do produto, mas pelo custo e pelos extravios no caminho, para escoar essa produção. Esse gargalo é resultado de anos em que foi priorizada a política de investimentos no transporte rodoviário em detrimento do abandono dos outros meios de transporte.

O rodoviarismo no Brasil tem ligação com a industrialização nacional, a partir de 1930, que trouxe a necessidade de melhor integração do mercado interno e de maiores investimentos no transporte rodoviário. Aos poucos, foi sendo implantada uma malha rodoviária, conectando os estados brasileiros. Agora a conta desse relapso em relação aos outros modais chegou, e não é barata. Como mostra reportagem de hoje do Correio do Estado, somente com o tabelamento do frete, produtores rurais de Mato Grosso do Sul vão pagar milhões a mais com o custo da produção. A tabela do frete é reflexo da greve dos caminhoneiros, que travou o País por dez dias e que fez o Brasil acordar dessa dependência excessiva das rodovias para o escoamento de toda a produção. Quando os caminhoneiros fecharam as estradas e cruzaram os braços, o País chegou a ponto do desabastecimento.

Mato Grosso do Sul escoa, basicamente, commodities; principalmente grãos. Por dia, são toneladas de soja e milho desperdiçados por rodovias tomadas por buracos em um dos países com potencial hídrico de dar inveja a muitos outros. Hoje, mais de 60% da produção brasileira é escoada por meio do transporte rodoviário. Nos Estados Unidos, só 25% da produção é escoada pelas rodovias; a maioria segue pelos trilhos do trem.

Não é à toa que, por lá, o custo da produção chega a uma diferença de até 25% daqui, que tem uma hidrovia subutilizada e um transporte ferroviário sucateado e esquecido. Enquanto a logística consome 30% do custo da produção em solo brasileiro, no americano, o custo é de 5%; impossível competir, como mostra a reportagem.

Quando se fala em transporte e logística, é impossível não pensar nos trilhos, que foram responsáveis por trazer o desenvolvimento do Estado muito antes da divisão. Daquela época, restaram apenas as barras metálicas sendo consumidas pela ação do tempo. Caberá não somente à nova administração, mas também à bancada de Mato Grosso do Sul no Congresso, lutar com mais vigor para a melhoria dos modais ferroviários e hidroviários de Mato Grosso do Sul.

 

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